segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

TAREFA - 29/01/18

3ºB - DIA 05/02 - segunda-feira - VISTO
3ºA - DIA - 06/02 - terça-feira - VISTO

QUESTÃO 1
De domingo
 — Outrossim?
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
—É.
— O que que tem?
—Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é.Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é óbice.
— “Ônus.
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente…
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.
(VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto  Alegre: LP&M, 1996).
No  texto, há uma  discussão  sobre o uso de  algumas  palavras da língua portuguesa. Esse uso  promove o (a)
(A) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
(B) tom humorístico, ocasionado  pela ocorrência de  palavras empregadas em  contextos  formais.
(C) caracterização da identidade linguística dos  interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais.
(D) distanciamento entre os  interlocutores, provocado pelo  emprego de palavras com  significados poucos  conhecidos.
(E) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por  parte de  um dos   interlocutores do  diálogo.
QUESTÃO 2
Texto I
Entrevistadora  — Eu  vou  conversar aqui  com  a  professora A.D. …  O  português então   não  é  uma  língua  difícil?
Professora — Olha se  você  parte do princípio… que a  língua  portuguesa  não  é  só  regras  gramaticais… não se  você   se apaixona pela  língua que  você…  já  domina… que  você  já  fala ao  chegar na  escola se teu  professor  cativa você a  ler obras da  literatura…  obra da/ dos  meios de comunicação… se você tem acesso a  revistas… é…  a  livros  didáticos… a… livros de  literatura  o mais  formal o  e/ o  difícil é  porque  a  escola  transforma como  eu  já  disse as  aulas de  língua  portuguesa  em análises  gramaticais.
Texto II
Professora — Não, se  você parte do princípio que  língua  portuguesa não  é  só  regras  gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno   já domina e   fala a  língua. Se o  professor  motivá-lo a  ler  obras  literárias e se tem acesso a  revistas, a  livros didáticos, você se  apaixona  pela  língua. O  que  torna  difícil é  que a escola  transforma as  aulas de  língua  portuguesa em análises  gramaticais.
(MARCUSCHI,  L. A. Da  fala para  a escrita: atividades de  retextualização. São  Paulo: Cortez, 2001)
O  texto  I  é  a  transcrição de entrevista  concedida por   uma professora de  português a  um programa de  rádio. O texto II é  a adaptação dessa  entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses  textos
(A) apresentam ocorrências de  hesitações  e reformulações.
(B) são  modelos de  emprego de regras gramaticais.
(C) são exemplos de uso  não  planejado da língua.
(D) apresentam marcas da linguagem  literária.
(E) são  amostras do  português  culto  urbano.
QUESTÃO 3
Mandinga — Era a denominação que, no  período das  grandes  navegações, os  portugueses davam à  costa ocidental da  África. A  palavra se tornou sinônimo  de feitiçaria porque os  exploradores  lusitanos consideram bruxos  os africanos que ali  habitavam — é que eles davam  indicações sobre a  existência de ouro na região. Em idioma nativo, mandingdesignava terra de  feiticeiros. A palavra acabou  virando sinônimo de feitiço, sortilégio.
(COTRIM, M. O  pulo do gato 3.  São  Paulo: Geração Editorial, 2009. Fragmento)
No  texto,  evidencia-se que a construção do significado da palavra  mandinga resulta de um (a)
(A) contexto sócio-histórico.
(B) diversidade técnica.
(C) descoberta geográfica.
(D) apropriação religiosa.
(E) contraste cultural.
QUESTÃO 4
PINHÃO sai ao  mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e  quer  falar  com  você.
EURICÃO: Benona, minha  irmã, eu  sei  que ele  está   lá  fora, mas não  quero falar com ele.
BENONA:  Mas, Eurico, nós lhe devemos  certas  atenções.
EURICÃO: Passadas para  você, mas  o  prejuízo foi  meu.  Esperava que  Eudoro, com todo aquele  dinheiro, se tornasse meu  cunhado. Era  uma boca a  menos e  um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que  ouviu  dizer que eu  tenho  um tesouro. E vem   louco atrás dele, sedento, atacado da  verdadeira  hidrofobia. Vive farejando  ouro, como  um cachorro  da  molest’a, como  um urubu, atrás do  sangue dos outros. Mas ele  está enganado. Santo  Antônio  há de  proteger minha pobreza e  minha  devoção.
(SUASSUNA, A.   O  santo e  a porca. Rio de  Janeiro: José Olimpyio, 2013)
Nesse texto teatral, o  emprego das  expressões “o peste” e  “cachorro da  molest’a” contribui para
(A) marcar  a classe social das personagens.
(B) caracterizar usos  linguísticos de  uma região.
(C) enfatizar a  relação familiar entre as  personagens.
(D) sinalizar a  influência do  gênero nas  escolhas vocabulares.
(E) demonstrar o  tom autoritário da fala de  uma das personagens.
QUESTÃO  5
Óia eu  aqui de  novo xaxando
Óia eu aqui de novo pra xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.
(BARROS, A. Óia  eu  aqui de  novo. Disponível  em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai  2013)
A letra da canção de  Antônio Barros manifesta aspectos do repertório  linguístico e  cultural do Brasil. O  verso que singulariza uma  forma do falar  popular  regional é
(A) “Isso é um desaforo”
(B) “Diz que  eu  tou aqui com alegria”
(C) “Vou  mostrar pr’esses cabras”
(D) “Vai, chama  Maria, chama  Luzia”
(E) “Vem  cá, morena linda, vestida de chita”
QUESTÃO  6
Só há  uma  saída para a escola se ela quiser ser  mais bem-sucedida: aceitar a  mudança da  língua como um fato. Isso deve significar que a  escola deve aceitar qualquer forma de  língua em  suas  atividades escritas? Não deve mais  corrigir?  Não!
Há  outra dimensão a ser  considerada:  de fato, no  mundo real da escrita,  não existe  apenas  um português correto,  que  valeria para todas  as  ocasiões: o estilo dos  contratos não  é  o  mesmo dos  manuais de  instrução; o dos  juízes do  Supremo não  é  o  mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos  jornais  não  é  o mesmo dos dos cadernos de  cultura dos  mesmos  jornais. Ou  do de  seus  colunistas.
(POSSENTI,  S.  Gramática  na cabeça. Língua  Portuguesa,  ano 5, n. 67,  maio 2011 – adaptado).
Sírio Possenti defende  a tese de que  não existe um único “português  correto”. Assim  sendo, o  domínio da  língua portuguesa  implica,  entre outras coisas, saber
(A) descartar  as  marcas de informalidade do texto.
(B) reservar o  emprego da  norma  padrão aos textos de  circulação ampla.
(C) moldar  a  norma  padrão do português pela   linguagem do discurso jornalístico.
(D) adequar as  formas  da língua a diferentes tipos de  texto e contexto.
(E) desprezar as formas  da língua  previstas pelas  gramáticas e  manuais divulgados  pela escola.
QUESTÃO 7
Em bom  português
No  Brasil,  as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não  é  somente pela gíria que a gente  é apanhada (aliás, não se  usa  mais a primeira  pessoa, tanto  do singular como  do plural: tudo  é “a gente”).  A própria   linguagem  corrente vai-se renovando e a cada dia uma  parte do léxico cai em desuso.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha  atenção para os que  falam assim:
– Assisti a uma fita de  cinema com um artista que  representa muito bem.
Os que acharam  natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que  viram  um  filme  que trabalha  muito bem. E irão ao banho  de  mar  em vez de ir  à praia, vestido de roupa de  banho em  vez  de  biquíni, carregando guarda-sol em  vez de  barraca. Comprarão um automóvel  em   vez de  comprar  um carro, pegarão  um defluxo em  vez  de  um resfriado,  vão andar  no  passeio em vez de  passear na calçada. Viajarão de  trem de  ferro e  apresentarão sua  esposa ou sua  senhora  em vez  de  apresentar  sua  mulher.
(SABINO, F. Folha de  S. Paulo, 13 abr. 1984)
A língua varia  no  tempo, no  espaço e  em  diferentes  classes socioculturais. O texto exemplifica  essa característica da língua, evidenciando que
(A) o  uso de  palavras  novas deve ser  incentivado em detrimento das antigas.
(B) a utilização de inovações do léxico é  percebida na  comparação de  gerações.
(C) o emprego de  palavras com  sentidos  diferentes caracteriza  diversidade geográfica.
(D) a pronúncia e o vocabulário são aspectos  identificadores da classe social a  que  pertence o falante.
(E) o modo de  falar  específico de pessoas de  diferentes faixas  etárias é  frequente em todas  as regiões.



QUESTÃO  8
Assum preto
Tudo em  vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez  por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum  preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil veiz a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.
As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra a
(A) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.
(B) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
(C) flexão  verbal  encontrada em “furaro” e “cantá”
(D) redundância nas expressões “cego  dos óio” e “mata em frô”.
(E) pronúncia das  palavras “ignorança” e “avuá”.
QUESTÃO 9
Palavras jogadas fora
Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá esporadicamente. O  sentido  da palavra é  o  de  “jogar fora” (pincha  fora essa  porcaria) ou  “mandar  embora” (pincha esse fulano daqui). Teria  sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital do estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhecem esse verbo, comumente escuto respostas como “minha avó fala isso”.  Aparentemente,  para muitos  falantes, esse verbo é algo do passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer.
As palavras são,  em  sua grande  maioria, resultados de  uma tradição: elas  já estavam  lá antes de  nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar adiante, de transmitir (sobretudo  valores culturais). O  rompimento da tradição de  uma palavra equivale  à sua extinção. A gramática normativa  muitas vezes colabora criando preconceitos, mas  o  fator  mais  forte que  motiva os falantes a extinguirem  uma palavra é  associar a palavra,  influenciados direta ou indiretamente pela  visão normativa, a um grupo  que julga  não ser o  seu. O pinchar,  associado  ao  ambiente  rural, onde há  pouca escolaridade e refinamento citadino, está fadado  à extinção?
É louvável que  nos  preocupemos com a extinção das  ararinhas-azuis ou dos  micos-leão-dourados, mas a extinção de  uma palavra não promove  nenhuma comoção, como  não  nos  comovemos com a extinção de  insetos, a não ser dos extremamente belos. Pelo contrário,  muitas  vezes a extinção das  palavras é incentivada.
VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012 (adaptado).
A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma reflexão sobe a linguagem e seus

 usos, a partir da qual compreende-se que

(A) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários, conforme sugere o título.
(B) o cuidado com espécies animais em extinção é mais urgente do que a preservação de palavras.
(C) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socioculturais.
(D) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua.
(E)  o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas.


QUESTÃO 10
 Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem
                                     Leitores fazem sugestões
                             para o Museu das Invenções Cariocas
      “Falar ‘caraca!' a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como também o ‘vacilão'.”
      “Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão' e ‘é merrmo' para um amigo pode até doer um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.”
      “Pedir um ‘choro' ao garçom é invenção carioca.”
      “Chamar um quase desconhecido de ‘querido' é um carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem ainda não se conhece direito.”
      “O ‘ele é um querido' é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.”
SANTOS, J. F Disponível em: www.oglobo.globo.com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).
Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado repertório linguístico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas de uso social. A respeito desse repertório, atesta-se o(a) 

A. desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos. 
B. inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas. 
C. reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes. 
D. identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca. 
E. variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes. 
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